Atrás de uma herança no Piauí
Interessantíssimo documento revela um pouco mais de nossa história.
Nos séculos XVII e XVIII eram muitos os portugueses que buscavam sucesso nos Estados do Brasil e do Maranhão.
Um deles destacou-se na evangelização e deixou em seu testamento quantias razoáveis para os templos da Catinguinha, da Vila da Mocha, da Freguesia de Santo Antonio dos Alongazes e da Freguesia de Nossa Senhora do Carmo.
Era o Reverendo Padre Tomé de Carvalho, batizado em 26 de janeiro de 1673 no lugar Braga (deve ser Bragada), Freguesia de Santo Aleixo do Tâmega. Seus pais eram José da Silva e Catarina de Almeida,
Era primo legítimo do Padre Miguel Carvalho, autor da livro "Descrição do Sertão do Piauí" e do irmão deste, o capitão-mor Antonio Carvalho de Almeida.
Era ainda irmão do Padre Miguel de Carvalho e Silva (morador no Piauí em 1735).
Era ainda irmão do Padre Miguel de Carvalho e Silva (morador no Piauí em 1735).
Em seu testamento consta possuir entre outros bens a propriedade das Fazendas Vitória, Tranqueira, Caraúbas e Sítio Novo nos Alongares de Baixo, na Freguesia de Nossa Senhora do Carmo da Piracuruca.
Possuía muito gado vacum nessas fazendas e também cavalares na Ilha da Parnaíba ou Ilha de José de Abreu Bacelar (irmão de Luis Carlos Pereira de Abreu Bacelar).
Deixa como testamenteiros seus sobrinhos: Antonio Carvalho e Antonio Sanches, assistentes no Piauí, e um terceiro sobrinho Manoel Carvalho, morador na Bahia.
Esse Manoel Carvalho, sobrinho que teria sido levado para o Piauí com o tio avô Padre Tomé e depois mandado para a Bahia e em seguida para a Universidade de Coimbra é o dr. Manoel Carvalho e Silva Almeida.
Graças a seu esforço para se habilitar à herança do tio padre conhecemos hoje assentos de batismo e casamento importantes para dirimir dúvidas antigas.
Mas a própria Justiça Portuguesa da época tinha suas dúvidas e não se sabe se Manoel conseguiu seu objetivo. Seria esse Manoel Carvalho o sobrinho a quem o padre Tomé dedicou a terça parte de seus bens e ações depois de pagas as dívidas e obras pias?
Quem seria o Antonio Carvalho, herdeiro de Tomé e irmão do Dr. Manoel Carvalho e Silva Almeida?
Nos autos do processo, Antonio Carvalho é referido em 1786 como capitão-mor nos "Estados", vivo e constituído procurador do irmão Dr. Manoel Carvalho.
E sabemos que Antonio Carvalho de Almeida conseguiu a famosa sesmaria da Vitória em 1739, herança do tio Padre Tomé. E que cuidava das fazendas do padre à época da confecção de seu testamento ("assistente em minhas fazendas").
Outros nomes aparecem: Davi Borges da Cunha, Matias Borges Correa, Manoel Francisco Ribeiro.
Tomé revela preferência pelas sobrinhas "fêmeas", destinando a elas parte da herança. Uma delas é Ângela de Almeida, filha mais nova de sua irmã Maria de Almeida com Manoel Sanches.
Outro sobrinho é constituído testamenteiro e procurador: o padre André da Silva (Almeida), assistente também no Piauí, que herdaria todos os bens da casa do tio, se morresse antes o Reverendo Padre Miguel de Carvalho, irmão de Tomé.
Para tirar a dúvida se Manoel Carvalho era o sobrinho a quem se destinava a terça da herança seria necessário fazer a pergunta: "o senhor recebeu um dinheiro de seu tio padre para comprar um moleque... o que fez com o dinheiro?".