sexta-feira, 4 de novembro de 2016

A Família Castelo Branco no Piauí (Dom Francisco de Castelo Branco)

Há muitos anos, através de Nerina Castelo Branco, tive acesso a uma obra maravilhosa: “Apontamentos Genealógicos de D. Francisco da Cunha Castelo Branco”.  Deleitei-me com o entrelaçamento fabuloso de famílias. Sempre me fascinou a história do Piauí e do Nordeste, em especial o seu Povoamento.  No livro, os autores procuram apresentar o máximo de ascendentes e descendentes de Dom Francisco de Castelo Branco. Um trabalho fenomenal sim, mas que, passados tantos anos e com o advento de novas tecnologias, enseja acréscimos e revisões.
Graças ao Projeto Resgate e a valiosos acervos, pudemos conhecer um pouco mais da presença no Brasil deste português, tronco de numerosa família que se expandiu no Piauí, no Maranhão e no mundo todo.
Dom Francisco de Castelo Branco e seu genro João Gomes do Rego se destacam quando se procedem a estudos genealógicos no Piauí. O primeiro foi capitão de infantaria do exército português, que prestando serviços em Pernambuco e na Paraíba, fez parte de um contingente de 200 homens enviado para o Maranhão em 1700, em defesa do inimigo francês que pretendia “dar-nos guerra”.
Saíra a 15 de março de 1695 de Portugal para a Paraíba e serviu ao Rei pelo tempo de “12 anos, 4 meses e três dias continuados”, até 30 de maio de 1716. Passou pelos postos de soldado, furriel, até ser convocado por um bando para ser capitão de uma das duas companhias criadas e enviadas para o Maranhão em 1700.
Embarcara com sua mulher, filhos e toda sua fazenda para o dito estado. Chegando ao Boqueirão da Barra da cidade de São Luis do Maranhão, em 11 de outubro, viu se fazer em pedaços o  navio em um recife, salvando-se ele e  três filhas, “perdendo a mulher e toda a fazenda  que trazia ficando, por esta causa, sem ter com que se poder sustentar por serem os soldos limitados...”. No naufrágio do navio morreram mais de 40 pessoas.
 Após 1726, solicita em reconhecimento pelos serviços prestados mercê do cargo de capitão-mor do Ceará, da cidade de Belém ou da cidade de São Luis do Maranhão. A mercê poderia ser dada também na forma de soldo ou com a nomeação no cargo de sargento-mor da praça de São Luis do Maranhão.
Em 28 de junho de 1731 Dom Francisco é considerado, junto com outro capitão de infantaria paga, incapaz de continuar no real serviço. É considerado “velho e entrevado” (AHU – Maranhão – doc. 1916). O Governador Alexandre de Sousa Freire solicita o seu “intertenimento” para ter como se alimentar nos últimos anos de sua vida, no que é acorde o Conselho Ultramarino. Em 1732, escolhe-se o seu sucessor (AHU – Maranhão – doc. 1964). Não há registros de sua passagem pelo Piauí, conforme atestara o Padre Cláudio Melo.
Sua segunda esposa, Mércia de Monterroyo, aparece em 1732 reivindicando valor de apetrechos de guerra pertencentes à Companhia da qual era D. Francisco capitão. Do segundo casamento de D. Francisco temos conhecimento de um filho, chamado Manuel, que já em documentação de 1732 era referido com o título de Dom, e que também por longos anos foi capitão de infantaria no Maranhão.
Em 1733, já é defunto. Há referência à viúva e a seu filho D. Manuel recebendo do Almoxarifado o valor correspondente aos apetrechos de guerra.
Ana de Castelo Branco, uma das filhas sobreviventes no naufrágio, casou-se com João Gomes do Rego, que em 1717 é “capitão-mor dos moradores da Vila Nova da Parnayba à frente de requerimento denunciando danos provocados pelos tapuias, à frente o cabo Mandu Ladino”. João Gomes do Rego obteve sesmaria na Parnaíba e era procurador de Pedro Barbosa Leal, baiano e sócio da Casa da Torre, proprietário da Vila Nova da Parnahyba.
João Gomes do Rego não pertencia à família pernambucana Rego Barros. Ao contrário do que consta em inúmeros trabalhos, não era “pernambucano, filho do casal João do Rego Barros e Teodora Valcácer”. Era sim, natural da freguesia de S. Lourenço de Sande, termo de Guimarães, do Arcebispado de Braga. Está assim desfeita também a dúvida apresentada no  livro organizado por seus descendentes: era da Barra e não  Barros.



2 comentários:

  1. É sempre bom que sejamos fiéis ao que vemos na transcrição. No entanto, às vezes trocamos uma letra por outra. Veja se não é PONCE DE LEÓN (a gloriosa família da qual saem o primeiro colonizador dos EUA, Che Guevara e tantos grandes personagens).

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